Começam hoje os jogos olímpicos em Londres. Centenas de milhares de turistas, voluntários, atletas, mídia, funcionários do transporte, garis, médicos, enfermeiras, artistas, milicos, batedores de carteira, polícia, detetives, ex-atletas e presidentes vão participar diretamente da construção de mais um capítulo do maior espetáculo da terra.
Além de muitos outros. Milhares de anônimos, jovens, velhos, um contingente de menos famosos e aqueles que não possuem uma credencial de acesso aos points considerados mais hot nos jogos, como a vila olímpica.
Estou incluído neste último segmento. E, para acrescentar um ar de dramaticidade, o novo emprego que surge a partir da próxima semana.
Mas a falta de tempo não se transformará em desculpa esfarrapada para a falta de criatividade.
Á medida do possível, este espaço vai democratizar informações variadas sobre o andamento das Olimpíadas de Londres com fotos, vídeos e depoimentos.
Saindo às ruas
O legado olímpico é imenso. Até hoje ainda não consegui encontrar um único link ou notícias da nossa grande mídia credenciada brasileira sobre a Olimpíada cultural, um evento oficial chamado Festival de Londres. Mais de dez mil shows serão realizados em todo o Reino Unido durante o período das Olimpíadas.
É neste contexto que aparecem as maiores experiências organizadas em paralelo aos jogos.Performances para crianças, artistas portadores de necessidades especiais, Thomas Heatherwick, Stephen Fry, Robert Wilson, comédia, teatro, o cinema, as exposições de artefatos históricos ligados aos jogos, artistas de rua que dividirão o espaço público nas margens do Tâmisa e, claro, a Casa Brasil, Somerset House, no coração de Londres.
Rocking the world
Impossível listar em um único espaço todas as atracões culturais e artísticas. No entanto, alguns títulos são de encher os olhos até dos mais leigos: concerto de música africano, Simon Bolivar e a orquestra da Venezuela, a para-orquestra britânica, o musical que vai percorrer o rio contando a história oculta de Londres, todas as atividades do Barbican Hall e a música popular francesa do tempo de Louis XIV. Rock, roll, blues, jazz, Camden Town, Brick Lane e todas as feiras ao ar livre também estão na pauta.
Particularmente, gostaria muito de poder ver de perto Land of Giants, o maior evento de arte ao ar livre do mundo inteiro, que será realizado na Irlanda do Norte. O show é inspirado em lendas e mitos dos gigantes do Norte, em particular Guliver no topo das montanhas de Belfast, Sansão e Golias, Titã e Olímpia. Vai ficar pra próxima.
Tenho esperanças de que poderei dar uma espiada no Rio Occupation London, evento onde 30 artistas brasileiros vão estar dia a dia, lado a lado com outros 30 artistas britânicos, para promover a cultura brasileira e britânica para o mundo todo, em vários locais espalhados por Londres. É possível acompanhar as etapas no link
www.london201/festival.
Mais uma olimpíada vem aí. E o fato de poder estar vivendo o cotidiano é o que transforma a atmosfera sobre o maior evento do planeta em algo ainda mais excitante: o contato, a conversa, o entendimento da língua e, claro, a possibilidade infinita de trabalhar a pauta sem pautas. Livre, sem carteirinha ou edição. O jornalismo amador-profissional, com sensibilidade, longe dos holofotes e muito perto do coração das pessoas, daqueles que participam ou não dos jogos.
Esta é a promessa. Sem plano A, sem plano B, mas com alguma possibilidade de mostrar algo que talvez será visto somente aqui.
Porque, afinal de contas, sempre existirá a dúvida sobre o que realmente é o lado A, e o que é o Lado B?