segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Londres encontra o mundo na parada de ano novo











Mais de 10 mil performistas representando 20 países de várias partes do mundo confirmaram participação num dos maiores desfiles de rua da Europa aqui em Londres, no primeiro do ano.


Dançarinos, acrobatas, "cheerleaders", músicos e performistas diversos vão se encontrar na celebração das nações. O trajeto será de 3,5 kilômetros iniciando em frente ao Ritz Hotel até as Casas do Parlamento e Big Ben.


Prevista para começar ao meio dia, a parada vai percorrer Piccadilly Circus, Lower Regent Street, Waterloo Place, Pall Mall, Cockspur Street, Trafalgar Square e Whitehall terminando em frente ao Big Ben. Mais de 500 mil pessoas são esperadas para assistir o evento.


O tema para o desfile este ano será "Deixe-nos interter você".

- Com tanta gente de vários países reunida, tantas idéias e cores diferentes, não haverá outra maneira melhor para começar 2010 - avalia o diretor executivo do evento, Robert Bone.

Como já dizia o velho e bom Ney Matogrosso:

"Será um dia para abrir as portas do hospício e fechar as da delegacia".

O dia seguinte, chamado de "Boxing day"
















O significado histórico indica que o Boxing Day é feriado para os britânicos no dia após o Natal. Caso seja num sábado ou domingo, o feriado é feito na segunda-feira. No entanto, nas ruas e no comércio, o Boxing Day ocorre imediatamente após o feriado de Natal. É o dia em que uma multidão sai às ruas, estonteantemente louca por promoções.



As lojas ficam super lotadas de pessoas querendo comprar de tudo. E tudo entra em desconto neste dia. Tradicionalmente, o Boxing Day é o momento em que os ingleses comemoram a abertura das caixas de presentes após o Natal, com o intuito de dividir ou presentear também os pobres.


Clientes escolheram suas lojas preferidas e formaram filas desde as sete da manhã da sexta-feira, para antecipar um lugar privilegiado na abertura. O comércio no centro de Londres, mais precisamente em Oxford Street, a rua das grandes lojas, ficou abarrotado até por volta de nove da noite.


Os descontos fazem valer a pena toda esta mobilização em pleno inverno, com temperaturas na casa dos 3º. Chegam a 75% em alguns casos. Os ítens mais procurados são roupas as mais diversas, casacos de lã, jaquetas, calças e utensílios variados. Eletro, jóias, tênis, brinquedos, cama, mesa e banho e outras tantas infinidades são expostas aos olhos dos consumidores com placas, cartazes e anúncios vorazes de tentações.

No mínimo, torna-se um grande exercício mental sobre o vício material e a necessidade de consumir. E, neste dia, é quase impossível escapar de uma dose cavalar desta droga.


Aliás, dizem que dinheiro no bolso é vendaval. Por isso o Boxing Day é bem vindo, afirmam os ingleses, turistas, pechinchadores!!!!!!


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Hoje é um dia especial...


para mim...
É o aniversário da minha mãe.

Pensei no que escrever, no que pensar para escrever e tive a grata sensação de que:
- Ela sabe tudo o que eu tenho a dizer. Ela entende todos os meus sentimentos. Ela sabe de todos os meus passos e, fatalmente, igualmente ao filho, sonha tão grande que nunca tem fim!


Maezinha! Feliz aniversário! Um super beijo de quem te ama muito mesmo! Contagem regressiva... Cada dia a mais é um a menos...

Um abraço da Raquel também. E aproveitem a reunião da família para contar causos, dar risada e matar a saudade. Abraço pra todos aí. Um ótimo Natal e que esta data nos traga mais energia, luz, alto astral e força para continuarmos nossas caminhadas sem cair, se entregar ou perder batalhas. E se derrotas vierem, que possamos cair peleando!!!! Para se levantar logo em seguida!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Da janela do quarto... a neve chegando!



Foi a primeira queda de neve da temporada. No entanto, bastante retardada para Londres que, diferentemente do resto da Europa, recebe pequenas quantidades de flocos brancos todos os anos, geralmente depois do dia 27 de janeiro.
A neve precipita a expectativa de um Natal branco, dizem as manchetes dos jornais. Os homens do tempo confirmam. A semana que vem poderá apresentar condições ideais para a neve.
Ontem houve queda de neve, no entando, apenas por um período de 40 minutos, com interrupções constantes.
Hoje, a previsão é para que entre a noite, com temperaturas podendo chegar a -5. O estoque de sal em Londres é atualmente 240 toneladas menor do que há 10 anos atrás e as subprefeituras já anunciaram que este estoque é suficiente para atender a demanda da capital apenas por 5 dias ininterruptos. Não mais do que isso.
Se o Natal for mesmo branco, que venha a neve em forma de bonecos, porque iremos para a rua fazer os nossos!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mantenha o equilíbrio!





     Ainda procuro a forma exata para começar este texto. Talvez pelo fim. Ou, quem sabe, pelo começo. Escrevo, inicialmente, sobre intuição. A semana passada foi de férias. Descanso. Eu tinha plena convicção de que algo estava por acontecer. De que a resposta ao meu pedido do visto de residência chegaria e, no envelope, o passaporte com cinco anos de permissão para tocar adiante planos, sonhos... transformá-los em realidade verdadeira.


Nada aconteceu.

As férias acabaram. No sábado, a sensação de desânimo era evidente. Retorno ao trabalho no dia mais movimentado do ano. Dor no corpo, o pensamento distante e o sentimento de que algo faltava para preencher aquele vazio interminável de quem espera por dias melhores. Por uma única notícia.



Veio o domingo. Ontem. Mais um dia de trabalho. No entanto, foi um dia diferente, do ponto de vista da intuição. A Raquel trouxe bons indícios. Quando cheguei em casa, ela comentou:

- Conversei com a Alba (uma italiana que morava aqui na nossa casa e também fez o mesmo pedido de visto para o marido dela). Conta que o visto do marido chegou em outubro. Dias antes de vencer a validade de seis meses do passaporte. Imediatamente liguei as coisas. O visto do Dudu, parceiro nosso, chegou exatamente nos dias finais. Antes de vencer o carimbo da entrada. O do Neto também. Faltava o meu.



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Aqui é a terra onde os mitos, lendas e contos se tornam verdadeiros. Já havíamos ouvido de tudo. Histórias de brasileiros que ficaram aguardando mais de um ano pelo passaporte. De outros que esperaram 15 dias. Outros que precisaram do documento no meio do processo e voltaram para o final da fila. Em assuntos de imigração, apenas uma coisa é certa: não sabemos os critérios de avaliação deles. Esse é o segredo que todo o santo brasileiro corre atrás e nunca consegue descobrir.

A minha falta de empolgação nestes últimos dias talvez se deva ao fato de ter pensado em todas as possibilidades. O fato de ter vivido ilegal. De ter tido um pedido de visto negado no Brasil. Enfim. De tudo um pouco. A paranóia começa a tomar conta.





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Até que a Raquel chega com esse novo indídio. Que eu ainda não tinha conseguido associar.

Por isso o domingo foi bom. Trabalhei como quem desliza em nuvens. Estava suave. Parece que um peso gigantesco havia sido retirado do meu pensamento. Minha cabeça estava leve. O retorno da intuição. E do pensamento positivo. Eu ainda não tinha reconhecido que o visto poderia chegar nas proximidades do vencimento do meu visto. Quando me dei por conta, pá... pum. É isso! Dia sete. Cheguei em Londres no dia sete de junho. Mais seis meses é igual a sete de dezembro. Segunda-feira. HOJE.

Depois de uma semana de férias, quando perdemos a noção do tempo, ainda mais com dias frios e fechados, onde a noite dá a cara mais cedo, eu não tinha a menor idéia se a rota de trabalho ia ser mantida ou não. Geralmente a segunda-feira é dia OFF. Do descanso. Mas como estava retornando no sábado e no domingo, poderia entrar a nova semana dentro...

até que ontem saiu a escala. Segunda-feira OFF. A semana estava começando muito bem.





O número sete na numerologia



A Numerologia foi trazida, do Egito, para o Ocidente, pelo sábio grego Pitágoras. Ele não divulgou essa complexa ciência; apenas ensinou-a a seus discípulos, que prestavam um juramento de guardar absoluto segredo. Com o passar dos anos e dos séculos, muitos desses ensinamentos foram "vazando" e surgiram várias versões e interpretações, hoje correntes, sobre a Numerologia. Também a Aritmética e outros ramos da Matemática surgiram desses ensinamentos.

O sete é o número perfeito. Combinação do 3 com o 4; o 3, representado por um triângulo, é o Espírito; o 4, representado por um quadrado, é a Matéria. O 7, podemos dizer que é Espírito, na Terra, apoiado nos quatro Elementos, ou a Matéria "iluminada pelo Espírito". É a Alma servida pela Natureza. Afinal de contas, são sete os dias da semana, as cores do arco-íris, o número de planetas que nos regem, as sete maravilhas do mundo antigo e as sete notas musicais, etc...

Quando eu comprei minha passagem, o sete foi o dia escolhido.



Conceitos e valores:



No alfabeto hebraico, o sete corresponde à letra "zain" = Imaculado

No Mundo Angélico, 7 é Eloim = enviado de Deus.

No Mundo Astrológico, 7 é Mikhael, a inteligência soberana do 9º céu, que é a Lua.

No Mundo Elemental, o 7 é o Reino mineral.

Os nomes divinos:

O 7º nome divino é IEVE TSEBAOTH, que significa "O DEUS DOS EXÉRCITOS" ou, antes, Deus das Ordens Cósmicas; a Lei Divina que rege os mundos.

Na Cabalah, a 7ª sephirah é NETSACH = Vitória sobre a Morte. O 7º caminho é a Inteligência oculta; ela envolve, com esplendor, todas as virtudes intelectuais.



Outro fator que contribuiu para o retorno da auto estima e do pensamento positivo foi o fato de que a Raquel fez um faxinão daqueles no quarto. Foi ontem. Quando eu cheguei do trabalho, entrei no quarto e exclamei:

- Poxa! Se puxou hein! Parece um dos quartos do Ritter!

A cama estava toda arrumada. Lençóis trocados. Prateleiras com nossos objetos todos organizados. Devidamente organizados. Roupas dobradas. Chão limpo. Aquilo que eu costumo chamar de "meu escritório de trabalho" estava diferente. Foi o primeiríssimo detalhe que me chamou atenção:

- Tu limpou minha mesa do tarô?

- Sim. - respondeu ela.



Estava modificada. No entando, com os objetos nas suas devidas posições. A bola de cristal muito limpa. No centro.

Eu nunca permiti que alguém sequer tocasse meus objetos e as cartas. Sempre estudei por conta. Sempre me dediquei por conta. E tenho plena convicção da importância do tarô. Dos resultados que ele já me trouxe. Conselhos, caminhos a serem seguidos. Caminhos já trilhados e as probabilidades que as cartas apresentam. Aprendi a ler uma por uma. Interpretá-las da maneira mais correta possível. Inicialmente, tive a impressão de algo errado. Mas foi ali, naquele segundo, que a intuição começou a me dar respostas. Lembrei da última leitura. Ainda no Brasil. O resultado da quintessência era: MANTENHA O EQUILíBRIO.

As cartas nunca vão mostrar como resposta um dia em número. Uma situação clara. Tudo pronto. Não! Elas vão apresentar as possibilidades. Vai depender de cada um fazer suas próprias interpretações. Eu sabia que o fato de precisar manter o equilíbrio e não se deixar abater acabaria no dia em que o passaporte retornasse com o resultado do meu pedido. Afinal, esta é a grande meta da nossa vida à curto prazo.

A minha mesa estava fechada. As cartas jogadas sem muita ordem. Sem uso. Pois eu estava respeitando o resultado do último jogo. Sabia que o tempo ainda não tinha acabado. Até ontem, quando entrei no quarto e a encontrei limpa. Organizada. Pronta para ser utilizada mais uma vez.

Agradeci a Raquel pela iniciativa. Foi como se uma profecia tivesse sido cumprida. Ela tocou na mesa. Ela limpou. Foi ela quem fez toda a papelada do visto. Foi ela quem correu atrás de tudo desta vez. Foi da forma como ela quiz. Eu já sabia que algo aconteceria HOJE. Dia sete. O dia dos seis meses. Algo aconteceria. Foi ela quem começou a me mostrar que mais uma página da vida começava a ser virada.



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Dia de folga. Acordei tarde. Tenho lembranças de espiadas constantes no vão da escada pelo menos nas últimas duas semanas depois que acordo e vou até o banheiro no andar de baixo. A fresta me revela o local das cartas. Onde o correio da casa é deixado, logo na porta de entrada. Até o domingo, nada. Hoje eu não olhei. Nem pensei nisso.

Voltei ao quarto e por aqui fiquei. Li mails. Notícias.Ouvi um pouco de música. Deitei para ler. Estou terminando "A revelação templária" - os guardiões secretos da verdadeira identidade de Cristo, de Lynn Picknett e Clive Prince. O sono voltou. Tomei uma xícara de chá e deitei na cama para uma soneca. Tinha dores no corpo. Mas não havia mais peso na cabeça. Eu já sabia. Tudo estava resolvido. A questão, agora, girava em torno do tempo de espera.

Acordei somente no final da tarde. Vesti roupas simples. Me preparei para ir ao mercado quando um leve toque na porta me chama atenção:

A Lisi. Chegando do trabalho:

- Olhei o correio e tive que subir correndo, guri! Tem um envelope para ti. Abre!

Por um instante, ainda um pouco sonâmbulo, fiquei atônito. Não sabia como reagir. chegou o envelope. A Lisi sorria. Falava coisas legais. Ela e o Bolachão conviveram com todo o tempo da nossa espera. Talvez sejam as pessoas que mais saibam de como tudo aconteceu...

Peguei o envelope e sentei na cama. Até tentei abrir.

-Lisi, desculpas! Não posso abrir agora. Tenho que esperar a Raquel. Ela vai abrir!

- Ela vai abrir!

Minha amiga entendeu. Retornou para o quarto dela. Eu agradeci e fechei a porta. Fui ao mercado. Não sabia se chorava ou sorria. Foi um pouco misturado de tudo. Passou um filme pela minha cabeça.

Enquanto terminou de escrever este texto, olho para a cama. O envelope está fechado e eu não sei o resultado que vem de dentro. Espero pela minha esposa para abrí-lo. Hoje é um dia muito importante nas nossas vidas.

Embora ainda não saiba o resultado, arrisco palpite: não tem mais como negar!

Estou carimbado. Registrado, avaliado, rotulado, pra poder voar!!!

Pra poder voar!

Um viva ao leste. Ao ar. Á outubro. Libra. O ar e o triângulo, o símbolo primordial do equilíbrio. Um viva ao signo do vento. Á quem sempre quiz voar! E viver mais perto dos céus sem medo. Com documento.

Um viva à Raquel, a quem eu ainda espero.

Um viva ao final deste texto, o qual parece sem fim. Um viva as cartas. Um viva à vida!

Fica aqui apenas uma observação muito pessoal: DEVERÍAMOS SER TODOS LIVRES PARA PODER VOAR! SEM DOCUMENTOS. SEM PASSAPORTES! SEM PAPÉIS.

SUCH A PERFECT DAY!

Enquanto isso não acontece, me sinto muito à vontade para dizer que vou começar a voar na mesa do meu escritório de trabalho. Toda limpa. Pronta para uma nova rodada das cartas da vida!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Feliz aniversário!!!!




Vovó Maria!!

Um grande beijo e o desejo de muitos anos de vida. Sempre ao nosso lado, comendo churrasco e dando risada.
Feliz aniversário vózinha. Sinta-se abraçada, mesmo à distância.
E o desejo de mais uma ótima virada de ano, festas, Natal e ano novo.
E vamos em frente porque a vida continua e se entregar é uma bobagem!!!

Um sonho inesquecível


O velho Dente procurou, procurou, mas não achou o Felipão nos gramados do Beira Rio.


Dificilmente trago coisas do lado de lá. Na maioria das vezes tenho vagas lembranças dos sonhos. Outra noite eu tive um sonho de sonhador. Daqueles que não saem mais da cabeça até mesmo com os olhos abertos. Maluco que sou, eu sonhei:

Que o Felipão era o técnico contratado do Inter. Foi este, talvez, o sonho mais estranho da minha vida. Nele haviam apenas três figuras centrais, as quais eu recordo fisionomias. O Felipão, o meu pai Dente e o meu primo Tuta.

No sonho, meu pai é quem intermedia a negociação e faz o anúncio da chegada do Felipão ao Beira-Rio. No entanto, a apresentação do novo técnico ocorre na dispensa da minha velha casa em São Luiz Gonzaga, um espaço estreito, cheio de coisas velhas, um tanque, garrafas, sapatos usados, prateleiras empoeiradas, uma minúscula janela basculante, a máquina de lavar e a máquina de secar.

Ali estavam, sentados, o meu pai e o Felipão. Um em cima da máquina de lavar, outro na de secar.

- Vou treinar, mas tu me consegues uma camiseta do Cruzeiro ou do Palmeiras. - avisa Felipão.
- Por que? - Pergunta o meu pai.
- Porque não posso vestir a camiseta do Inter, uma vez que sou gremista - complementa o Felipão, sem mais alvoroços.

A primeira contratação dele foi o meu primo. O Tuta estava no auge da forma física. O campo de treino era o do Rancho e lá estava, solito, Luís Felipe, observando as arrancadas, piques e esforços do meu primo no campo de jogo. Não havia bola no sonho. Muito menos outros jogadores.

Havia, sim, uma passagem sinistra de ambientes. De repente, somem o Tuta e o meu pai. O sonho uma vez iniciado na lavanderia da casa onde eu já não moro mais se desfaz e, imediatamente, o cenário é outro.

Não é possível identificar qual é o estádio. É o dia do primeiro Gre-nal com o Felipão no comando dos colorados. É um ambiente de muito movimento, embora nenhuma face venha ao meu alcance.

Identifico apenas dois torcedores. Um deles com a camiseta do Inter. O outro, do Grêmio. Eles largam seus copos de cerveja e começam a discutir. O ambiente é externo ao estádio, como se fosse num acesso ou entrada. A calçada é levemente inclinada até a rua mais próxima, onde carros começam a estacionar.

A discussão fica acalourada. Neste momento, os dois homens retiram, simultaneamente, serrotes gigantescos dos seus bolsos. (?)

Também no mesmo momento, começam a serrar um a cabeça do outro. A cena é estupidamente horripilante. Eles gritam compulsivamente, como animais feridos. Mas não param de serrar. Abrem-se dois cortes. O sangue jorra. A cena ganha contornos surreais. Ouço o toque dos dentes dos serrotes nos ossos. Veias se rompem com o ruído do rompimento de enormes canos. Jorra sangue na calçada. Os dois adversários começam a entortar os joelhos. Não coordenam mais movimentos, mas ainda insistem em mandar toda a força que têm para o braço que segura o serrote. As cabeças começam a inclinar com o peso normal da gravidade. Os gritos cessam. Resta apenas um pedaço de carne antes de as cabeças rolarem. Caem os serrotes. Os dois torcedores estão ajoelhados, um em frente ao outro. Corpos retorcidos em dor e a chegada da morte. O último gesto, como se fosse combinado, é a tentativa desesperada de se segurar, antes do tombamento definitivo. Quando ambos levam suas mãos ensanguentadas à cabeça do adversário e, segurando pelos cabelos, rompem os últimos nervos que ainda mantinham suas cabeças no lugar. Rolam pela calçada, até pararem no meio fio.
Olhos abertos. O cessamento da dilatação dos últimos músculos. Na calçada, dois corpos ensanguentados. Sem suas cabeças.

Quando contei o sonho ao meu velho pai, ele não teve dúvidas:
- Devemos ir ao Beira-Rio conferir de perto a veracidade dos fatos.

Eu recordo a última vez em que estive no Beira-Rio na companhia do meu pai Dente. Foi em 1989; Naquele jogo infame, arrastaram-nos pela arquibancada, joelhos esfolados e a vaga lembrança pós partida que tenho do meu velho, tentando desamarrar a chave do carro em meio aos 19 nós que a prendiam no cordão de um calção preto. Fazia calor em Porto Alegre. Mais quente ainda era o ambiente daquele Gre-nal do século. De volta ao Beira-Rio,a inevitável confirmação do meu velho pai: Não! Não!
O Felipão não está no Beira-Rio.
Os dois torcedores sem suas cabeças?
Nunca mais os vi.
E em em sonhos os reencontro.

A arte do manuseio



A pizza bem feita enche aos olhos e ao coração muito antes de ter enchido a pança. Numa destas noites frias, fomos testar a pizza ao forno à lenha de um restaurante de entregas em Dollis Hill, 10 minutos de distância da casa do Dudu, onde íamos jantar. As pizzas de 15 polegadas são enormes e a ausência da elasticidade na massa pode pôr abaixo o trabalho todo do recheio, basta que um minúsculo furo se faça presente.
O que acabou não acontecendo. O vídeo é muito legal por isso. Mostra todo o feitio da pizza, desde o manuseio da massa até a retirada do forno. Confira e bom apetite!