domingo, 30 de maio de 2010

Bleeding Heart, foi uma onda rasa que passou...



Mal começou e já teve um fim. Terminou mais uma etapa profissional na minha vida de cozinha aqui em Londres. Há quase dois meses, havia iniciado a trabalhar pela primeira vez na City (parte de Londres onde os negócios prevalecem, empresas, bancos, advogados, profissionais liberais e outros que se ocupam de horários comerciais em escritórios), um pouco mais distante das atrações turísticas mais badaladas...

O Restaurante se chama Bleeding Heart Restaurant. Comida francesa. Local movimentado com quatro ambientes, o restaurante maior, um bistrô, a taverna (aberta desde 1736) e uma cripta.
Teto baixo, cheiro de madeira antiga, atmosfera impressionante e, principalmente, um local para negócios.
Disse o jornal The Independent - "O Bleeding Heart Restaurant" conta com as melhores salas para reuniões e jantares privados em Londres".
Outra verdade é que o Bleeding Heart também conta com uma das melhores adegas de vinhos franceses da cidade.
À parte estes ambientes de frente, a vida na cozinha foi totalmente diferente.
Local de muita produção e um time em torno de 20 Chefs para atender três cozinhas diferentes.

Minha experiência foi num Bistrô mal conduzido, com reputação baixa e que recomeça a ganhar movimento depois de um período em que o Head Chef anterior ganhara um ponta pé na bunda por conta da cozinha sem qualidade que servia.
Os problemas continuam. No Bistrô trabalham ingleses e argelianos. Nenhum dos meus outros quatro colegas de Bistrô conhece uma cozinha de verdade. Dois são gurizões, outros dois se criaram em gastro pubs.

Embora o trabalho seja de extrema facilidade para mim, é de muita dificuldade para eles. Erros craxos no serviço e pratos mal apresentados.
A única certeza, que em verdade são duas, é que foi uma experiência legal. E que, mesmo se o novo emprego não surgisse agora, começaria a procurar por um outro muito em breve, tenho certeza.
Mas antes disso, um pouco de história e, claro, os vídeos do local.
A começar pelo nome. Bleeding Heart significa "coração sangrando".

A obra é do poeta mais famoso da Inglaterra. Charles Dickens visitava o Bledding Heart, fato que colaborou para que o local recebesse intelectuais e gente célebre.
Conta Dickens em sua poesia que, de tão apaixonada pelo companheiro, a mulher que o vê traindo rasga o peito e retira o próprio coração em desespero. Agora, se a poesia foi, um dia, um fato real, não posso afirmar... mas até a rua onde o restaurante se localiza chama Bleeding Heart Yard. Então, vamos a ele...






sábado, 15 de maio de 2010

Viagem ao mundo do sexo - proibido para menores...

O bairro da luz vermelha, em Paris.

Quando Joseph Khalifa e seus três sócios decidiram abrir o Musée de´lerotisme em Paris, na área de Pigalle, acabaram colaborando para a criação de uma atração turística naquela parte da capital francesa, decaída e sem muitas novidades com exceção da tradicional zona vermelha, o Moullin Rouge.
Esculturas, desenhos, pinturas e anedotas...sexuais!
Um banquete diferente... e uma sentada medieval!
Já aqui, uma sentada moderna. Ao lado, até ele mesmo se assusta...
Arte e riso...

A cultura do detalhe...

E não pouparam esforços. Decidiram reformar um antigo cabaré de sete andares e montar um dos quatro maiores museus eróticos do mundo. Do mesmo porte do museu em Paris, somente em Amsterdã, na Holanda, Barcelona, na Espanha e Berlim, na Alemanha.
Diferentemente dos outros museus, o francês tem foco em arte contemporânea e fotografia. O museu conta com sete andares e fica aberto até a uma da madrugada.
Este foi um dos locais que visitamos em fevereiro, quando fomos em Paris.

O local nem de longe lembra uma cena vulgar. As escadas são de mármore, a iluminação é adequada e os trabalhos coletados ao longo de séculos por artistas de várias partes do mundo estão muito bem expostos.

Trata-se de um ambiente onde entram pessoas de todas as idades, maiores, é claro.

Vale a pena dar uma...
olhada.

E conferir como faziam os antigos, os médio antigos e como continuamos nós, gente moderna, tratando do mesmo assunto: sexo!

domingo, 9 de maio de 2010

As mães de todos os tempos





No campo, observa-se a rotina daqueles anos sombrios. Os homens passavam nove meses na estrada. Menos de três em casa, quando faziam filhos. Partiam trilhas, montanhas, planícies e planaltos em busca de novas conquistas. Ou venciam inimigos, ou eram apenas alguns a menos no caminho de retorno. Viviam em guerra. As mulheres reconstituiam ambientes familiares a muito custo e esforço. Mantinham a casa organizada. Assim era a vida das nossas mães medievais. Trabalho e incertezas.

Cortavam madeira. Concertavam rodas de carroças. Faziam comida. Roupas. Velas. Sabão.

Ensinavam os filhos a seguir os mesmos passos arredios dos pais. Ensinavam as filhas os melhores pontos de bordado. As mais contagiantes histórias de fadas. Lendas. Folclore. Como lavar a roupa.


Entre centenas de outros trabalhos caseiros, precisavam conter o avanço de estrangeiros em terras da família. Precisavam garantir o sustento da casa com os grãos. Preparavam a terra ao passo de uma guerreira com seus poucos bois. Aravam. Semeavam. Plantavam e colhiam. Faziam o estoque. Preparavam o alimento. Engatilhavam armas e cuidavam dos cavalos.

Era dura a vida das mães do campo.

Na cidade não era diferente.

Viviam em grupos. Trabalhavam como enfermeiras, cozinheiras, parteiras, lenheiras, benzedeiras, lavadeiras e marcineiras. Auxiliavam em todos os postos de trabalho. Não faziam guerras. Não matavam, curavam.

As mulheres são assim. As que amenizam. Purificam. Limpam e tratam.
Controlam os ferimentos da vida ativa dos homens. Controlam dores, sabores e amores.
As mães são assim. Foram assim desde os primórdios dos tempos.
São assim as mães da atualidade.
Cuidam dos filhos. Dos seus companheiros. Da família.
As mães modernas utilizam outras ferramentas que não os martelos, machados e tesouras. Usam o mouse. O teclado. A webcam. Falam ao microfone com a naturalidade de um radialista.
As mães modernas não sofrem mais com a ausência de notícias ou a simples carta esporádica, entregue quando o sobrevivente aos conflitos cumpria caminhos inglórios, desafios de vida.
As nossas mães de hoje apresentam o ar de quem pode se dar ao luxo do tempo livre. Lêem. Encontram filhos ou maridos que estão longe, no modo virtual.
Estão em contato permanente.
Reinicializam seus computadores quando tranca.
Não precisam mais salvar vidas. Plantam idéias. Não cortam mais lenha. Compram CDs. Pintam unhas e cabelos. Cuidam da aparência, não mais dos ferimentos.
No entanto, vivem com uma outra lacuna. A da vida moderna.
A lacuna que nem a vida virtual e moderna é capaz de conter.
A lacuna de tempos antigos ainda é a mesma de hoje. Esta lacuna chama saudade.
A exemplo dos filhos, maridos, companheiros e demais membros da família, as mães, talvez, sejam as que mais sofrem de saudade.
Mas sabem que o desafio dos filhos em tempos modernos é o mesmo dos pais dos tempos antigos. Saem de dasa em busca de suas glórias, conquistas, aprendizagens, vivências.
As mães são felizes e orgulhosas por isso. Embora precisem conviver sempre com aquele misto de agonia e saudade.
Em todos os tempos, a saudade foi, é e sempre será um dos maiores combustíveis da alma. Alimento do corpo. A cura do espírito.
Mães, parabéns pelo dia de vocês. Obrigado por suportarem todo o fardo de insegurança de seus filhos. Por mais seguros que sejam.