sábado, 30 de outubro de 2010

Entendendo a língua dos "não" nativos

Confesso que, às vezes, fico muito em dúvida:
Qual é a língua inglesa mais difícil de entender. A dos nativos que falam perfeito, ou a dos não nativos que falam um inglês shit!
Qualquer um sabe falar inglês. Somente os ingleses falam o real inglês.
A começar pelos americanos. Um inglês interiorano com EURE fourrrçado uai. Os indianos são os campeões em errar o F. Moeda de 50 para eles não é fifty, se fala pipiti.
Com os espanhóis, não tenho tido muito contato.
Mas os campeões de erros são os italianos. Estes sim deixam a desejar. Falam inglês desde crianças, e continuam crianças em termos de aprendizagem.
Soletram todas as sílabas.
- How longue!
- Unbelivebole!
- Are you goode!
My hand significa, para os filhos do império, "my ande". Have é eve. E assim vai.
Ite. My frende! Table sevene! Foode! Poisone! Girlã! Restã! Chefã! Burneeeã!
Mas o mais impressionante veio de um japonês. Vendedor de massagem na beira da praia. O cara chegou logo oferecendo:
- Wanna massá!!
Eu estava na quinta lata. Demorou pra cair a ficha.
- What!!
Ele repetiu:
- Wanna massá!!!
O restante, o vídeo explica!
Ainda entendo que, se a pessoa se puxa, lê, ouve rádio, aprende direitinho, é muito mais fácil conviver com o inglês perfeito do que com a réplica imperfeita no modo de se fazer entender.
No final das contas, tem inglês para todos os gostos e línguas. Bem ou mal falado, tudo vira uma questão de ponto de vista. Nada mais do que isso!




Perigo à vista!

Sim. Inacreditável! Nosso último dia de descanso de um total de três foi na praia, em Atenas. Não! Não é o fato de estar no mar Mediterrâneo, à beira da praia em Atenas o fato inacreditável. E sim o fato de ter de conviver com uma bandeira vermelha.

Ok. Sinceramente. Nem passou pela imaginação a cor da bandeira em relação ao time do coração. Nada disso. O inacreditável era mesmo o fato de não entender como este fato pode se tornar algo real, ou seja, realmente factível e passível de entendimento e crença!

Num mar como este, bandeira vermelha!

As far as I know, bandeira vermelha significa algum tipo de perigo mais presente. Aliás, estamos falando de uma bandeira antes da preta, confusão total!

Quando a maré está para bandeira vermelha, as ondas são mais fortes. A maré apresenta-se mais agitada. As águas reviram corpos mais frágeis e o repuxo é mais constante.

Quando eu tinha sete anos de idade, fiquei seis horas perdido nas areias de Capão da Canoa, ainda criança, por conta de ter brincado com a maré da bandeira vermelha. O mar me levou e meu pai não viu. Era uma excursão de turistas para mais um garota não sei das quantas. Quarenta pessoas mobilizaram times de buscas até me encontrar, perdido, chorando, caminhando sem rumo muito perto da Plataforma de Atlântica. No final das contas, ninguém viu a garota não sei das quantas. Culpa da maré.

Sim. Mais fácil pensar que este é um reino encantado e perdido do que acreditar que este velho e explorado mar Mediterrâneo, no pé de Atenas, apresenta bandeira vermelha. É o fim. Não afunda nem o pequeno amigo Ivo.

Viva o dia das bruxas!

A origem do Halloween permanece até os dias de hoje oculta no seu próprio significado. Acredita-se que quase um milênio antes de Cristo, os povos pagãos da Bretanha tenham criado uma forma de culto para reverenciar o final do verão e a chegada do inverno, ou simplesmente dedicar a data como uma forma de homenagear os mortos. O culto era denominado Samhain.
Até os dias de hoje, encontros de grupos de druídas modernos, místicos, gnósticos e bruxos ocorre em diversos locais da Europa, principalmente em Londres.
Um dos maiores encontros ocorre por intermédio da Livraria Tavstock, de Covent Garden, especializada em livros sobre diversas filosofias de vida, ocultismo, esoterismo ou espiritismo. Geralmente acontece nos bosques do Hampstead Heath Park.
De acordo com a tradição druída, o Samhain durava cerca de uma semana. O festival invocava o espírito dos antepassados por intermédio dos sacerdotes druídas ao seu povo. Era uma festa grandiosa e repleta de felicidade, já que o druidismo acredita na vida perfeita e absoluta no lugar dos "mortos". Também celebrava-se o encontro do céu e da terra, ou simplesmente o final das estações, entre o verão e o inverno.
Em meio ao esquisitismo católico do dia dos finados ou a festa de todos os santos, muito pouco sobrou nos dias de hoje em relação ao culto dos antigos celtas.
No entanto, o pouco que sobroou é muito bem aproveitado por aqueles todos que sabem aproveitar. Os encontros, aqui em Londres, servem para a confraternização das almas. Pessoas alegres se reunem. Discutem assuntos importantes como o cosmos, o universo, Buddha, questões filosóficas as mais variadas. Coisas da natureza. Se vestem ao rigor do simples. Geralmente mostram roupas coloridas. Rastas. Vira e mexe e são vegetarianos. Pensam positivo. Vira e mexe e deixam de lado Jesus, Pedro, e as coisas ligadas à fé das mentes materialistas.
No entanto, por falar em materialismo, o que predomina mesmo é o censo do conceito errado. O dia das bruxas nada mais é do que mais um deles, movidos pelas vendas. Fantasias e morangas. As pumpkins estão por todo o lugar.
Nos dois vídeos abaixo, a vitrine da Fortnum e Maison, a maior e mais luxuosa loja de variedades encravada em Mayfair, no coração de Londres.
O segundo vídeo num dos clubes privados mais famosos e ricos de Londres, o Morton´s, encravado na região de Mayfair, coração de Londres, local onde a parcela mais alta da sociedade dos ricos está. Por sinal e curiosidade, o local onde eu trabalho. O ambiente mostra apenas o bar, começando a ser decorado. Outro dia mostrarei o restante dos quatro andares do clube e contarei a história de um senhorzinho de 30 e poucos anos, chamado Marlon Abela.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vista panorâmica de Atenas

Atenas, vista de cima, do monte ao Lado do Partenon, local conhecido como a Prisão de Sócrates.

O fim da democracia ateniense

Para os bons historiadores e aqueles interessados em História, falar em democracia ateniense é o sinônimo de reconstituir em milênios tudo aquilo que o ocidente qualifica como o nascimento da lei, do respeito, do livre arbítrio, da dignidade, oralidade, liberdade, igualdade, e tudo mais.

Não quero, aqui, entrar nesse mérito.

No entanto, qualifico este momento como um dos mais históricos que eu já vivi. Um jornalista em férias, com a esposa, ansioso para pisar num dos locais mais sagrados do planeta: O Partenon, na rocha sagrada de Acrópolis, centro antigo de Atenas.

Tínhamos três dias de férias em Atenas, no começo de outubro. Nos hospedamos num hostel o qual eu recomendo para todos os mochileiros como nós, sem muita frescura, mas limpo e com um bom café da manhã. A escolha foi perfeita: o hostel fica ao lado da Acrópolis, cinco minutos à pé e vizinho a todas as estações centrais de metrô. Tudo, absolutamente tudo, transcorria na mais perfeita tranquilidade. Até a chegada ao portão principal.

-Estamos em greve! Ninguém pode entrar na Acrópolis! - exclamou uma funcionária do governo. Outras centenas de turistas boquiabertos também procuravam explicação.

Tentei argumentar com a menina:

- Bom dia. Sou jornalista e venho do Brasil para escrever um artigo para uma revista especializada em Arqueologia. Gostaria de entrar e tirar algumas fotos. O restante até posso fazer depois, mas preciso das fotos.

- Ninguém entra! - reforçou a grevista.

Perguntamos quem era o coordenador do movimento de greve, ela respondeu:

- Somos nós mesmos!

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À primeira vista, alguns jovens funcionários despreocupados com a dimensão do assunto davam a impressão de que aquilo tudo não passava de uma arruaça estudantil ou um movimento muito adolescente. Mas não era.

Os funcionários do governo realmente estavam em greve. A Grécia atravessa difícil crise financeira e o governo não paga funcionários há meses.

No entanto, o assunto chegou ao extremo. Barrar a entrada de turistas nos templos sagrados dos deuses gregos.

Este foi um dos momentos mais históricos de toda minha vida. Algo que jamais será visto novamente, talvez. Não se tem notícia de que, em mais de 2.500 anos, os portões dos templos sagrados tivessem sido fechados ao público por um movimento de greve!

Sim, eu sei. Daria Fantástico. Jornal Nacional, ou quem sabe a Rádio Gaúcha tivesse algum interesse.

Por outro lado, foi um momento muito pessoal. Estar lá. Na hora certa. No momento certo. Vendo tudo sem intermédio de terceiros. Ao lado do perigo!

Foi quando a polícia de choque grega chegou. A Raquel, como sempre mais precavida, esperava por mim a uns 20 metros do foco dos acontecimentos. Eu?

Bom, pelo vídeo, é muito fácil identificar o local onde eu estava!

No final das contas, ou como diz um velho amigo radialista... "entre mortos e feridos, todos se salvaram"!!

No terceiro dia da nossa visita conseguimos entrar na Acrópolis. As fotos estão postadas no meu orkut e no da Raquel. Porque momentos tão históricos precisam ser divididos com amigos e família!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O som do pedal

Oxford Circus. Meio da tarde. Me despeço da Raquel. Ela, ao trabalho. Eu, rumo à estação do metrô. Ao lado da GAP, uma ruela. Um som. Estranho, confesso. Harmonioso. Um som que ganhava a reverberação de paredes estreitas e altas dos prédios vizinhos. A ruela, até então deserta, começava a ganhar o contorno dos curiosos. Pessoas paravam para olhar. E ouvir.

Um universo paralelo, em meio ao ruído da rua. Sons de motores. Gente.
Em meio a tudo, o músico. Alheio a tudo.
Não ouvia mais nada. Apenas tocava. Com muita energia.
Tocava adiante o som da bike.
A mesma que o levaria para casa mais tarde, depois de voltar a ser uma bike.

O delicioso e doce mundo da cozinha

"Under pressure" e os movimentos e sons perfeitos do filme Ratatuille demonstram algo em torno de um bom percentual do que realmente é o fantástico mundo da cozinha profissional, gastronomia de alto padrão em escala mundial.
O restante do percentual que sobrou desta conta vai para o bolso dos bons momentos. Momentos de trabalho, é claro, mas que jamais deixam de ser igualmente prazerosos.
Muito legal na cozinha é ter a certeza de que, sempre que se constrói uma receita, há uma prova. Devo confessar, honestamente: sou um maníaco depressivo por doces.
E, momentos como estes, tenham certeza, marcam a memória de qualquer Chef para o restante de sua vida.
No entanto, se todos que lêem este texto pensam que o fato de ser um maníaco chocólatra é o momento mais interessante do vídeo, enganam-se "chocolatramente".
O melhor de tudo é saber que, mesmo "under pressure", num dos trabalhos mais exaustivos e não menos valorizados entre todas as profissões do mundo, o ser Chef revela, também, um vasto mundo de amizades. Pessoas de todas as partes do mundo. Brincadeiras. Sorrisos francos, conversa fiada.
O mundo da cozinha nos oferece a oportunidade ímpar de conhecer pessoas. E compartilhar histórias de vida. Quantos tapas de pó de cacau ganhou o Genaro?