quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Olimpíada dos sem credencial

     

      Começam hoje os jogos olímpicos em Londres. Centenas de milhares de turistas, voluntários, atletas, mídia, funcionários do transporte, garis, médicos, enfermeiras, artistas, milicos, batedores de carteira, polícia, detetives, ex-atletas e presidentes vão participar diretamente da construção de mais um capítulo do maior espetáculo da terra.
      Além de muitos outros. Milhares de anônimos, jovens, velhos, um contingente de menos famosos e aqueles que não possuem uma credencial de acesso aos points considerados mais hot nos jogos, como a vila olímpica.
      Estou incluído neste último segmento. E, para acrescentar um ar de dramaticidade, o novo emprego que surge a partir da próxima semana.
      Mas a falta de tempo não se transformará em desculpa esfarrapada para a falta de criatividade.
      Á medida do possível, este espaço vai democratizar informações variadas sobre o andamento das Olimpíadas de Londres com fotos, vídeos e depoimentos.



                                                                     Saindo às ruas

      O legado olímpico é imenso. Até hoje ainda não consegui encontrar um único link ou notícias da nossa grande mídia credenciada brasileira sobre a Olimpíada cultural, um evento oficial chamado Festival de Londres. Mais de dez mil shows serão realizados em todo o Reino Unido durante o período das Olimpíadas.
      É neste contexto que aparecem as maiores experiências organizadas em paralelo aos jogos.Performances para crianças, artistas portadores de necessidades especiais, Thomas Heatherwick, Stephen Fry, Robert Wilson, comédia, teatro, o cinema, as exposições de artefatos históricos ligados aos jogos, artistas de rua que dividirão o espaço público nas margens do Tâmisa e, claro, a Casa Brasil, Somerset House, no coração de Londres.

                                                                  Rocking the world

      Impossível listar em um único espaço todas as atracões culturais e artísticas. No entanto, alguns títulos são de encher os olhos até dos mais leigos: concerto de música africano, Simon Bolivar e a orquestra da Venezuela, a para-orquestra britânica, o musical que vai percorrer o rio contando a história oculta de Londres, todas as atividades do Barbican Hall e a música popular francesa do tempo de Louis XIV. Rock, roll, blues, jazz, Camden Town, Brick Lane e todas as feiras ao ar livre também estão na pauta.
     
      Particularmente, gostaria muito de poder ver de perto Land of Giants, o maior evento de arte ao ar livre do mundo inteiro, que será realizado na Irlanda do Norte. O show é inspirado em lendas e mitos dos gigantes do Norte, em particular Guliver no topo das montanhas de Belfast, Sansão e Golias, Titã e Olímpia. Vai ficar pra próxima.
      Tenho esperanças de que poderei dar uma espiada no Rio Occupation London, evento onde 30 artistas brasileiros vão estar dia a dia, lado a lado com outros 30 artistas britânicos, para promover a cultura brasileira e britânica para o mundo todo, em vários locais espalhados por Londres. É possível acompanhar as etapas no link www.london201/festival.
     Mais uma olimpíada vem aí. E o fato de poder estar vivendo o cotidiano é o que transforma a atmosfera sobre o maior evento do planeta em algo ainda mais excitante: o contato, a conversa, o entendimento da língua e, claro, a possibilidade infinita de trabalhar a pauta sem pautas. Livre, sem carteirinha ou edição. O jornalismo amador-profissional, com sensibilidade, longe dos holofotes e muito perto do coração das pessoas, daqueles que participam ou não dos jogos.
      Esta é a promessa. Sem plano A, sem plano B, mas com alguma possibilidade de mostrar algo que talvez será visto somente aqui.
      Porque, afinal de contas, sempre existirá a dúvida sobre o que realmente é o lado A, e o que é o Lado B?

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