terça-feira, 2 de março de 2010

A primeira impressao do retorno à casa

"EU SOU O MOSQUITO QUE PERTURBA O SEU SONO"!
Em fevereiro de 2008, quando voltei para casa depois de quase três anos vivendo fora, o impacto do meu habitat natural não me impressionou: mudaram apenas os nomes das farmácias. O resto, continuava da mesma forma. Com exceção da limpeza nos trevos, resultado da era Valdir Heck e do determinismo alemão no jeito de ser. Estamos em casa de novo. Desta feita, não vimos muitas farmácias novas.
Por outro lado, os trevos estão mais sujos e a dengue está pegando. Hoje foi dia em que os homens e seus maquinários varreram as ruas do meu bairro com o estiloso fumacê.
Das duas uma:
Ou nunca assistiram os Caça Fantasmas, que utilizavam equipamentos semelhantes às costas e jogavam bonito no combate aos espíritos malignos (e os espíritos malígnos sempre retornavam), ou nunca ouviram o célebre Raulzito, um dos mais inteligentes amigos que o Aedes Aegypt já teve ao longo dos tempos, quando o velho pai do rock já dizia: "E não adianta vir me detetizar, porque você mata um e vem outro em meu lugar".
Aliás, permitam abrir uma lacuna para dizer que no ano que vem sairá a terceira etapa dos Ghostbusters, sob a direção de Ivan Reitman.
Caso deixem passar esta oportunidade, o difícil mesmo será ressucitar o maluqueza para contar que não adianta matar um. Outros virão.
A povoadeira foi nervosa. O bico jateando fumacê para todos os lados. Veneno (esperamos que não seja mais o vencido - que vergonha!) para todos os lados, gramados, formigueiros, um trabalho apressado de quem quer cobrir a casca sem se dar conta de que a ferida somente começa a curar por baixo da pele.
Problema de educação de um povo?
Concordo.
Em partes, como diria Jack.
Por outro lado, um grande problema social. Não só do Balin, de Ijuí ou da Rosana Marquetti, coitada, a um passo do atoleiro de mosquitos nos fundos do HCI, aquele mesmo que fez o Perondão ligar às pressas e colocar uma enxada nos braços de cada um dos seus funcionários.
O problema é uma questão mais ampla. De educação, sim.
Também de inclusão social. Melhores salários, mais consciência tanto do povo quanto dos seus governantes. E tudo mais.
Ijuí vive o dilema da Dengue há muito tempo. Focos eram sabidos. Focos aumentavam.
O que fizeram as equipes de vigilância sanitária?
Lógico, vão argumentar, passam de casa em casa para alertar a população sobre os potinhos d´água com a água parada. Mas somente no verão, quando a coisa aperta.
Esqueceram-se de fazer desta água parada um verdadeiro tsunami de informação.
Vai na casa deste povo menos informado e em condições sociais lamentáveis contar historinhas sobre o Aedes uma vez por ano para ver se no outro dia ainda se lembram.
Não. Definitivamente não vão lembrar. No máximo, quando um ou outro filho chegar com um trabalhinho de escola e cheio de perguntas, vão dizer:
-Filho, não amola! Eles matam um e vem outro em seu lugar!
Deixa papai pensar na conta d´água que temos que pagar amanhã. Está parada, aqui, e nada temos a fazer sem dinheiro.
- Cuida, papai, não deixe a água parada!
- Não é a água, meu filho. É a conta. Falta dinheiro.
Enquanto isso, da-lhe fumacê. A mangueira enlouquecida, bombeando uma nuvem para todos os lados, como se fosse o acalmar dos ânimos que tanto querem os situacionistas. Afinal, são apenas 33 casos confirmados. Esqueçam dos mais de 600 que apresentam sintomas, esqueçam do que disse o velho Piddy (para cada caso suspeito conhecido oficialmente, multiplica-se por oito) e aproveitem para curtir, na frente de suas residências, o grande trabalho de povoadeira que faz a Prefeitura.
Apenas dois detalhes me chamam atenção neste retorno: tentar remediar nunca rendeu tanta dor de cabeça, vômito, vermelhidão na pele, febre e ânsia de vômito. O outro detalhe é que 33 nada mais é do que a idade de Cristo, quando morreu. Esse número não minimiza a dimensão da coisa.
Eta fumacê!

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