segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mantenha o equilíbrio!





     Ainda procuro a forma exata para começar este texto. Talvez pelo fim. Ou, quem sabe, pelo começo. Escrevo, inicialmente, sobre intuição. A semana passada foi de férias. Descanso. Eu tinha plena convicção de que algo estava por acontecer. De que a resposta ao meu pedido do visto de residência chegaria e, no envelope, o passaporte com cinco anos de permissão para tocar adiante planos, sonhos... transformá-los em realidade verdadeira.


Nada aconteceu.

As férias acabaram. No sábado, a sensação de desânimo era evidente. Retorno ao trabalho no dia mais movimentado do ano. Dor no corpo, o pensamento distante e o sentimento de que algo faltava para preencher aquele vazio interminável de quem espera por dias melhores. Por uma única notícia.



Veio o domingo. Ontem. Mais um dia de trabalho. No entanto, foi um dia diferente, do ponto de vista da intuição. A Raquel trouxe bons indícios. Quando cheguei em casa, ela comentou:

- Conversei com a Alba (uma italiana que morava aqui na nossa casa e também fez o mesmo pedido de visto para o marido dela). Conta que o visto do marido chegou em outubro. Dias antes de vencer a validade de seis meses do passaporte. Imediatamente liguei as coisas. O visto do Dudu, parceiro nosso, chegou exatamente nos dias finais. Antes de vencer o carimbo da entrada. O do Neto também. Faltava o meu.



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Aqui é a terra onde os mitos, lendas e contos se tornam verdadeiros. Já havíamos ouvido de tudo. Histórias de brasileiros que ficaram aguardando mais de um ano pelo passaporte. De outros que esperaram 15 dias. Outros que precisaram do documento no meio do processo e voltaram para o final da fila. Em assuntos de imigração, apenas uma coisa é certa: não sabemos os critérios de avaliação deles. Esse é o segredo que todo o santo brasileiro corre atrás e nunca consegue descobrir.

A minha falta de empolgação nestes últimos dias talvez se deva ao fato de ter pensado em todas as possibilidades. O fato de ter vivido ilegal. De ter tido um pedido de visto negado no Brasil. Enfim. De tudo um pouco. A paranóia começa a tomar conta.





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Até que a Raquel chega com esse novo indídio. Que eu ainda não tinha conseguido associar.

Por isso o domingo foi bom. Trabalhei como quem desliza em nuvens. Estava suave. Parece que um peso gigantesco havia sido retirado do meu pensamento. Minha cabeça estava leve. O retorno da intuição. E do pensamento positivo. Eu ainda não tinha reconhecido que o visto poderia chegar nas proximidades do vencimento do meu visto. Quando me dei por conta, pá... pum. É isso! Dia sete. Cheguei em Londres no dia sete de junho. Mais seis meses é igual a sete de dezembro. Segunda-feira. HOJE.

Depois de uma semana de férias, quando perdemos a noção do tempo, ainda mais com dias frios e fechados, onde a noite dá a cara mais cedo, eu não tinha a menor idéia se a rota de trabalho ia ser mantida ou não. Geralmente a segunda-feira é dia OFF. Do descanso. Mas como estava retornando no sábado e no domingo, poderia entrar a nova semana dentro...

até que ontem saiu a escala. Segunda-feira OFF. A semana estava começando muito bem.





O número sete na numerologia



A Numerologia foi trazida, do Egito, para o Ocidente, pelo sábio grego Pitágoras. Ele não divulgou essa complexa ciência; apenas ensinou-a a seus discípulos, que prestavam um juramento de guardar absoluto segredo. Com o passar dos anos e dos séculos, muitos desses ensinamentos foram "vazando" e surgiram várias versões e interpretações, hoje correntes, sobre a Numerologia. Também a Aritmética e outros ramos da Matemática surgiram desses ensinamentos.

O sete é o número perfeito. Combinação do 3 com o 4; o 3, representado por um triângulo, é o Espírito; o 4, representado por um quadrado, é a Matéria. O 7, podemos dizer que é Espírito, na Terra, apoiado nos quatro Elementos, ou a Matéria "iluminada pelo Espírito". É a Alma servida pela Natureza. Afinal de contas, são sete os dias da semana, as cores do arco-íris, o número de planetas que nos regem, as sete maravilhas do mundo antigo e as sete notas musicais, etc...

Quando eu comprei minha passagem, o sete foi o dia escolhido.



Conceitos e valores:



No alfabeto hebraico, o sete corresponde à letra "zain" = Imaculado

No Mundo Angélico, 7 é Eloim = enviado de Deus.

No Mundo Astrológico, 7 é Mikhael, a inteligência soberana do 9º céu, que é a Lua.

No Mundo Elemental, o 7 é o Reino mineral.

Os nomes divinos:

O 7º nome divino é IEVE TSEBAOTH, que significa "O DEUS DOS EXÉRCITOS" ou, antes, Deus das Ordens Cósmicas; a Lei Divina que rege os mundos.

Na Cabalah, a 7ª sephirah é NETSACH = Vitória sobre a Morte. O 7º caminho é a Inteligência oculta; ela envolve, com esplendor, todas as virtudes intelectuais.



Outro fator que contribuiu para o retorno da auto estima e do pensamento positivo foi o fato de que a Raquel fez um faxinão daqueles no quarto. Foi ontem. Quando eu cheguei do trabalho, entrei no quarto e exclamei:

- Poxa! Se puxou hein! Parece um dos quartos do Ritter!

A cama estava toda arrumada. Lençóis trocados. Prateleiras com nossos objetos todos organizados. Devidamente organizados. Roupas dobradas. Chão limpo. Aquilo que eu costumo chamar de "meu escritório de trabalho" estava diferente. Foi o primeiríssimo detalhe que me chamou atenção:

- Tu limpou minha mesa do tarô?

- Sim. - respondeu ela.



Estava modificada. No entando, com os objetos nas suas devidas posições. A bola de cristal muito limpa. No centro.

Eu nunca permiti que alguém sequer tocasse meus objetos e as cartas. Sempre estudei por conta. Sempre me dediquei por conta. E tenho plena convicção da importância do tarô. Dos resultados que ele já me trouxe. Conselhos, caminhos a serem seguidos. Caminhos já trilhados e as probabilidades que as cartas apresentam. Aprendi a ler uma por uma. Interpretá-las da maneira mais correta possível. Inicialmente, tive a impressão de algo errado. Mas foi ali, naquele segundo, que a intuição começou a me dar respostas. Lembrei da última leitura. Ainda no Brasil. O resultado da quintessência era: MANTENHA O EQUILíBRIO.

As cartas nunca vão mostrar como resposta um dia em número. Uma situação clara. Tudo pronto. Não! Elas vão apresentar as possibilidades. Vai depender de cada um fazer suas próprias interpretações. Eu sabia que o fato de precisar manter o equilíbrio e não se deixar abater acabaria no dia em que o passaporte retornasse com o resultado do meu pedido. Afinal, esta é a grande meta da nossa vida à curto prazo.

A minha mesa estava fechada. As cartas jogadas sem muita ordem. Sem uso. Pois eu estava respeitando o resultado do último jogo. Sabia que o tempo ainda não tinha acabado. Até ontem, quando entrei no quarto e a encontrei limpa. Organizada. Pronta para ser utilizada mais uma vez.

Agradeci a Raquel pela iniciativa. Foi como se uma profecia tivesse sido cumprida. Ela tocou na mesa. Ela limpou. Foi ela quem fez toda a papelada do visto. Foi ela quem correu atrás de tudo desta vez. Foi da forma como ela quiz. Eu já sabia que algo aconteceria HOJE. Dia sete. O dia dos seis meses. Algo aconteceria. Foi ela quem começou a me mostrar que mais uma página da vida começava a ser virada.



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Dia de folga. Acordei tarde. Tenho lembranças de espiadas constantes no vão da escada pelo menos nas últimas duas semanas depois que acordo e vou até o banheiro no andar de baixo. A fresta me revela o local das cartas. Onde o correio da casa é deixado, logo na porta de entrada. Até o domingo, nada. Hoje eu não olhei. Nem pensei nisso.

Voltei ao quarto e por aqui fiquei. Li mails. Notícias.Ouvi um pouco de música. Deitei para ler. Estou terminando "A revelação templária" - os guardiões secretos da verdadeira identidade de Cristo, de Lynn Picknett e Clive Prince. O sono voltou. Tomei uma xícara de chá e deitei na cama para uma soneca. Tinha dores no corpo. Mas não havia mais peso na cabeça. Eu já sabia. Tudo estava resolvido. A questão, agora, girava em torno do tempo de espera.

Acordei somente no final da tarde. Vesti roupas simples. Me preparei para ir ao mercado quando um leve toque na porta me chama atenção:

A Lisi. Chegando do trabalho:

- Olhei o correio e tive que subir correndo, guri! Tem um envelope para ti. Abre!

Por um instante, ainda um pouco sonâmbulo, fiquei atônito. Não sabia como reagir. chegou o envelope. A Lisi sorria. Falava coisas legais. Ela e o Bolachão conviveram com todo o tempo da nossa espera. Talvez sejam as pessoas que mais saibam de como tudo aconteceu...

Peguei o envelope e sentei na cama. Até tentei abrir.

-Lisi, desculpas! Não posso abrir agora. Tenho que esperar a Raquel. Ela vai abrir!

- Ela vai abrir!

Minha amiga entendeu. Retornou para o quarto dela. Eu agradeci e fechei a porta. Fui ao mercado. Não sabia se chorava ou sorria. Foi um pouco misturado de tudo. Passou um filme pela minha cabeça.

Enquanto terminou de escrever este texto, olho para a cama. O envelope está fechado e eu não sei o resultado que vem de dentro. Espero pela minha esposa para abrí-lo. Hoje é um dia muito importante nas nossas vidas.

Embora ainda não saiba o resultado, arrisco palpite: não tem mais como negar!

Estou carimbado. Registrado, avaliado, rotulado, pra poder voar!!!

Pra poder voar!

Um viva ao leste. Ao ar. Á outubro. Libra. O ar e o triângulo, o símbolo primordial do equilíbrio. Um viva ao signo do vento. Á quem sempre quiz voar! E viver mais perto dos céus sem medo. Com documento.

Um viva à Raquel, a quem eu ainda espero.

Um viva ao final deste texto, o qual parece sem fim. Um viva as cartas. Um viva à vida!

Fica aqui apenas uma observação muito pessoal: DEVERÍAMOS SER TODOS LIVRES PARA PODER VOAR! SEM DOCUMENTOS. SEM PASSAPORTES! SEM PAPÉIS.

SUCH A PERFECT DAY!

Enquanto isso não acontece, me sinto muito à vontade para dizer que vou começar a voar na mesa do meu escritório de trabalho. Toda limpa. Pronta para uma nova rodada das cartas da vida!

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